Olhaste-me com o teu olhar de leão. Seguraste-me os pulsos e transmitiste-me força para não desmaiar na tua sedução. Prometes que curas o meu vazio? e trocas por paz e carinho? Podes ser a minha casa para a minha vida inteira? cuida de mim, por favor. 

Não respondeste e limitaste-te a puxar as minhas bochechas. É claro que sim, és uma palerma de vez em quando. Riste-te e os teus olhos negros também. Tenho medo de ficar sozinha... só isso.

Desligaste a luz do candeeiro e traçaste um coração imaginário na minha mão. O planeta terra precisa de mais momentos amorosos como estes.

O teu cigarro pairava entre os teus dedos, e não sabias se haverias de ligar o isqueiro. Decidiste-te apresado, e não conseguiste resistir. Acendeste-o e o cigarro despertou a fumaça. O teu redor estava quente e dava-me vontade de me instalar ao teu lado. Juntei-me a ti, e ficámos os dois a ver o fumo a espalhar-se nas quatro paredes da tua cave. Não me abandones minha metade. Nunca faças isso, ouviste? a minha alma tenta todos os dias falar com a tua, mas és demasiado distante do meu enxame vermelho. O teu corpo cheira a licor e é pálido como a neve. Interages com a língua quando queres-me irritar. Óh, pobre de mim, a tua sensibilidade é muito forte para os meus limites. Fiquei a ali, a pensar como te haveria de torturar. Ri-me e tu suspeitaste. Roubei-te de mansa o teu maço Malboro. Parva, volta rapidamente! Fugi pela porta principal e correste atrás de mim pronunciando insultos. Continuas o mesmo querido de sempre.

Dizem que todas as almas têm uma face negra. E eu acredito nesta teoria. A minha é mais escura do que clara. Tem dias que se ilumina por completo, mas raramente isso acontece. Agora não há amor puro, não há pureza que me acelere a palpitação. O barulho das minhas veias é mais fraco do que eu. Perco a esperança à primeira tentativa. Hoje e sempre, nada será como dantes. Mudei e tu, minha rica alma, notaste que não sou a mesma. Também, não é de admirar. A única "pessoa" com quem posso desabafar, é contigo, só tu tens paciência para aguentar a minha voz madura. Ainda guardo o malmequer que me deste quando nasci. Continua vivo e natural, nunca imaginei ter tanto cuidado com uma simples e graciosa flor. 

Diz-me... não achas impressionante a maneira como as almas energéticas mexem-se nos enxames? gostava tanto de ter uma assim. Infelizmente, a minha encontra-se a dormir profundamente. Olhos fechados e coração aberto, quem quiser, pode ser o meu abrigo.

As galáxias eram tantas, que preenchiam as zonas desertas do meu coração. Os meus amores desapareceram e agora nem se dão ao trabalho de me saudar. Contém a tua respiração até o fim chegar. Agora, uma parte da minha alma esta coberta de raios luminosos. O Sol é uma estrela, uma das minhas estrelas favoritas. Entrelacei os dedos à volta da minha caneca e pus as pernas à chinês. Estava com o tronco nu, apenas com as pernas vestidas com umas meias rendadas de preto. Encostei-me à parede branca , suja das minhas mãos suadas e fechei os olhos. Imaginei o quão bonito poderia ser o universo desconhecido. Com certeza deveria ser mais bonito que os meus sonhos. E um deles, era sorrir sem fingir. Não gosto de mostrar aquilo que não sou. Por isso, aqui vai, esta sou eu, com raios na alma e o coração preenchido com um pouco do espaço.