11.11.12

Segurei a tua chávena de chá por um pouco, e logo de seguida, bebes-te as gotas amargas, uma a uma. Continuas igual, a mesma, a mesma que conheci há longos anos atrás. Pergunto-me se ainda te lembras daqueles dias calorentos, em que íamos as duas pelos campos fora, apanhar cogumelos. Não sei se te recordas dos nossos cestos de palha, que fizemos as duas juntas numa noite de luar. Eu ainda guardo o meu. Gostávamos muito de apanhar pirilampos, e iluminávamos as ruas com a nossa alma, que ambas pareciam tocar várias músicas. E essas músicas eram os nossos rios. Eram intensos e estranhamente esgotavam-nos a pouco e pouco. Chegávamos à meia noite sem forças para subir a voz, e rir novamente. Mas foram os melhores anos que passei, foste tu que me mudaste, e tenho muito a dever-te por isso.
Talvez ainda não te tenhas esquecido daquelas tardes que apanhávamos bambu, e depois tocávamos a pensar que eram flautas. E no fim, pegávamos nas telas de pintar, e tentávamos desenhar uma à outra. Nada fazia sentido, mas era essa a intenção. Não fazemos sentido, mas também não fomos feitas para fazer. Cabe a ti, cuidares de mim, e tu fazes-o como se fosse uma das tuas obrigações. Um dos meus sonhos foi sempre ter uma pessoa que cuidasse de mim, até porque é uma tarefa difícil. És tu a pessoa certa.

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